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Foto do escritorJúlia Alencar

O que é um parto seguro e humanizado?

Na 1ª consulta de pré-natal sempre faço a seguinte pergunta: qual sua expectativa para o parto?


As respostas na maioria das vezes me trazem uma responsabilidade e cuidado ainda maior.


Em função da falta de conhecimento, dos mitos que cercam o parir e o nascer muitas falam que não pensaram ou que está cedo para pensar. Outras falam que querem o que for melhor para saúde delas e do bebê e muitas dizem que o que eu decidir está bom. Algumas poucas chegam com o parto construído e idealizado.


Enxergo o parto como uma ponte, uma passagem para o começo de uma vida. Importa o ponto de partida,importa como atravessamos a ponte, mas principalmente como nos sentimos ao chegar do outro lado.


Percebo uma grande polarização em torno do parto como se o nascimento de um bebê fosse uma disputa política ou uma partida de futebol. Cesárea é parto ou não é?

É mais mãe quem teve parto vaginal sem intervenções?


Temos uma cultura de cesárea no Brasil que vem dos séculos passados e encontra raiz no machismo, no racismo, nos dogmas religiosos, na economia.


Isso leva tempo para ser renovado,mas o papel da mulher e de quem a acompanha nessa jornada é fundamental para a construção de uma nova forma de parir e nascer.


O movimento da Humanização do parto é importante para mudar essa história, mas também traz problemas,uma expectativa distorcida da realidade, romantizada. Afinal, quem “mostra” as fezes na banheira? Quem fala que isso é absolutamente normal?!


A falta de autonomia da mulher gera muitos problemas tanto para aquelas que querem ter cesárea, quanto para parto normal, quanto para aquelas que não querem ter filhos!


Alimentar expectativa positiva é empoderador. A mulher deve ir desenvolvendo segurança no seu próprio corpo e no processo de parir, desconstruindo tudo que foi criado, mas é importante também aprender a ser resiliente, lidar com frustrações porque você pode ter uma ou muitas situações diferentes daquelas que planejou.


Parto em alguma medida se parece com sexo, uma experiência individual. O

parto vaginal não necessariamente é uma experiência potente, positiva, prazerosa.

Tem mulheres com experiências traumáticas e ninguém fala, é secreto.


O papel do Obstetra é estar ao lado orientando e guiando as escolhas dessa gestante baseando-se na ciência e em suas evidências, mas individualizando sua história de vida, suas particularidades.


Que você se sinta acolhida, amparada, segura, confiante e respeitada assim como você é: ÚNICA. Assim, você com certeza terá um parto SEGURO e HUMANIZADO!



Dra. Júlia Alencar Pacheco da Costa Santana.

Ginecologista e Obstetra com foco em atendimentos de Alto Risco e Medicina Fetal.

CRM 15418-DF RQE9942





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